Rússia: Conferência científica internacional marca comemorações do 3º Aniversário da Paz em angola
Moscovo acolheu ontem (Quarta-Feira) uma conferência científico-prática Internacional alusiva ao 4 de Abril, Dia da Paz e da Reconciliação Nacional em Angola e ao 60º aniversário da vitória do povo soviético sobre o fascismo nazi na segunda guerra mundial.
Photo of Lindo Ngalo
Organizado pela Embaixada de Angola na Rússia, o fórum contou com oradores de diversos países com destaque para os generais angolanos Geraldo Abreu Muhengo “Kamorteiro”, vice chefe do Estado Maior General das Forças Armadas para a Área Administrativa, António Francisco de Andrade, Director Geral do Instituto de Reintegração sócio-profissional dos ex-Militares (IRSEM) e Jerónimo Jorge Ukuma “Regresso”, Director Nacional de Política de Defesa do Ministério da Defesa.
Na sua comunicação, o general Kamorteiro, um dos subscritores do Memorando de Entendimento complementar ao Protocolo de Lusaka, declarou que o fim da guerra é vitória de todos os angolanos e que a Pátria está acima dos interesses particulares ou partidários.
Enalteceu o desempenho do Presidente da República, José Eduardo dos Santos, “que tudo fez para que as armas se calassem, as almas dialogassem mais alto e os militares patriotas, moralmente apoiados por toda a Nação, assinassem aos 4 de Abril de 2002, um protocolo de paz definitiva, tratando-se de um acto inédito em Africa”.
Por sua vez, o general António Andrade descreveu, em pormenor, a política do governo angolano com vista a reintegração social dos ex-militares.
Esclareceu que o Programa Geral de Desmobilização e Reintegração (PGDR) constitui o instrumento, na base do qual se estão a processar três grandes acções políticas com o objectivo de desmobilizar cerca de 105 mil elementos das ex-Forças Militares da Unita e 33 mil das Forças Armadas Angolanas (FAA), de apoiar a reintegração social e económica de todos os ex-militares desmobilizados e de facilitar a realocação das despesas militares do governo de Angola para os sectores sociais e económicos.
Ao abordar o tema “A longa caminhada para a reconstrução nacional”, o general Jerónimo Ukuma “Regresso” afirmou que o sucesso deste desiderato, passa também, pela escolha de parceiros internacionais dignos e equilibrados que cooperem com Angola no plano institucional e empresarial, com reciprocidade de vantagens que conduzam ao relançamento da economia rumo ao desenvolvimento sustentado do País.
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No decurso da conferência, foram ainda abordados temas como ““Cuba e o seu contributo na garantia da soberania e independência de Angola”, apresentado pelo embaixador Jorge Marti Martínez e “A cooperação russo-angolana na área mineira”, apresentado por Evgueni Romanko, especialista da empresa “Zarubezhgeologia”, afecta ao ministério dos recursos naturais da Rússia.
Um dos temas seguido com grande interesse foi “O papel decisivo das forças progressistas na luta de libertação de Angola e a influência da URSS/Rússia na defesa das conquistas do povo angolano na arena internacional”, apresentado pelo director adjunto do Instituto África da Academia de Ciências da Rússia, Vladimir Shubin.
Shubin revelou episódios pouco conhecidos da história das relações entre Angola e a ex-URSS e recordou o papel desenvolvido pela antiga potência socialista para que a ONU adoptasse, na década de 60 do século XX, a Declaração sobre a concessão de independência aos países e povos colonizados.
Ao efectuar o balanço dos três anos de Paz em Angola, o embaixador Roberto Leal Monteiro “Ngongo” considerou-o positivo, sublinhando que mais de três milhões de deslocados regressaram às suas áreas de origem, tal como mais de 200 mil refugiados angolanos que se encontravam nos países vizinhos.
Recorrendo a dados estatísticos, o diplomata pontualizou que os níveis de inflação, ainda relativamente altos, tendem a diminuir e que a inflação acumulada no ano 2003, pela primeira vez, atingiu os dois dígitos, tendo sido de 76,57%, enquanto em 2004 baixou para 31,01%, pautando-se o crescimento económico, em 12,2%.
“ Como podemos observar, a Paz trouxe para Angola não só esperanças, mais sobretudo certezas de que apesar dela ser um bem cujo valor não pode ser quantificado, não tendo preço, a sua influência é decisiva para o desenvolvimento de toda a sociedade, pois, sem ela todo o processo técnico e económico de criação de riqueza não pode ter lugar”, enfatizou o chefe da missão diplomática angolana na Rússia.
As comemorações do Dia da Paz e da Reconciliação Nacional envolveram ainda a realização de actos políticos e culturais no seio da Comunidade Angolana nas cidades russas de Moscovo, Varonej e Rostov na Danú e na capaital da Ucrânia, Kiev.
Sector de Imprensa na Embaixada, 06.04.2005